sexta-feira, novembro 21, 2003

Noam Chomsky

Cá estou na solidão depois que André me abandonou aqui pra passar uns dias no Brasil. snif snif...
Aqui não temos TV a cabo (sem novelas!!!) e nos viramos com a podridão da TV aberta americana. Tem alguma coisa que se salva. Principalmente os canais educativos.
Um dos melhores programas é com a Marília Gabriela de terno americano. Trata-se do Charlie Rosa, um entrevistador muito bom, cujo programa passa muito tarde, mas é reprisado na hora do almoço. Não é preciso dizer que almoçamos juntos todos os dias. Essa semana está muito interessante. Teve Jimmy Carter e Gore Vidal (que, no final do programa, ao ser perguntado se havia alguma qualidade hoje na sociedade americana que ele achava boa, disse que não e se despediu: "ora, Charlie, eu tenho outro compromisso").
Hoje foi bárbaro: Noam Chomsky. O entrevistador começou perguntando sobre o novo livro dele, suas observações sobre a guerra no Iraque, política internacional. No entanto, como Chomsky sabe muito sobre tudo, começou a faltar tempo e o Charlie Rosa começou a ter que interrompê-lo. Ao final, Chomsky criticou a tão admirada democracia americana. "Aqui não existe democracia. Não temos nem dois partidos distintos. Ambos são iguais." Daí, Rosa rebateu dizendo que era assim na Inglaterra, na França e na Espanha. Chomsky respondeu: "Em todos esses países, há diferenças, mesmo que pequenas, entre os partidos. Mas, democracia mesmo, hoje em dia, existe apenas no Brasil. A última eleição humilhou os Estados Unidos, deu-nos uma verdadeira lição de democracia. Infelizmente, não soubemos tirar vantagem desse aprendizado". Mais tarde, o assunto Brasil voltou porque Rosa disse que hoje em dia os tradicionais apoiadores de Lula não estavam satisfeitos com ele. No que Chomsky respondeu: "Lula e sua administração estão tendo que lidar com a realidade econômica mundial que hoje em dia está presa ao modelo neoliberal, que aqui nos EUA nós chamamos de 'free trade', mas que de 'free trade' não tem nada. Esse modelo está colocando camisas de forças nas economias de todos os países em desenvolvimento". E tenho dito.